Por Otávio Maia
É difícil encontrar aspectos positivos no massacre sofrido contra a
Alemanha, mas eles existem. E quando a ressaca passar, terão papel-chave
na tentativa de reerguer o futebol brasileiro e mudar a sina de
derrotas consecutivas para equipes europeias nas partidas decisivas em
Copas do Mundo.
O primeiro é o próprio fato de que foi um massacre, que evidenciou ao
mundo algumas das mais profundas deficiências do futebol nacional, seja
de ordem técnica ou tática. Fez isso com uma força tão grande que
ninguém mais poderá empurrar essas deficiências estruturais para debaixo do tapete. Fundamental, porque o primeiro passo para achar o remédio certo é ter o diagnóstico certo.
O segundo aspecto positivo da derrota é que ela aconteceu contra a
Alemanha. O Brasil, com sua baixa autoestima, já absorveu a
característica de algozes muito menos virtuosos. Trocou o futebol de
classe pelo “jogo sério”, quando seu estilo plástico falhou diante de
equipes mais burocráticas; abraçou os volantes e zagueiros, quando seus
meias e atacantes acabaram anulados; passou de time mais caçado a time
mais faltoso conforme colocou em cheque sua identidade. Tomar o
planejamento alemão como referência será sem dúvida benigno.
Um terceiro ponto favorável na derrota é que ela dá uma lição de
humildade ao futebol brasileiro, que ainda crê que a força da camisa, os
lampejos dos seus craques e uma pitada de superstição são suficientes
para triunfar sobre as mais poderosas seleções do mundo. Se existe um
momento para rever dogmas e adotar soluções menos folclóricas é depois
de tragédias como essa.
Texto na íntegra: cartacapital.com.br
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