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Imagem via Prag. Político |
Por que os pelos corporais femininos incomodam tanto, são tão ofensivos, sujos, anti-higiênicos, imorais, obscenos, pervertidos?
(Aliás, menos os pelos do topo da cabeça, claro: esses são
considerados importantíssimos, definidores de feminilidade, dignos de
gastos enormes em produtos e serviços, ao ponto que, quando ando com
minha companheira de cabeça raspada, ela causa mais surpresa e consternação do que se tivesse arrancado um braço e não apenas pelos.)
O que nos assusta não são pelos, é a sexualidade feminina. Uma mulher com pelos no corpo é uma primata adulta, madura, pronta para usar e dispor de sua própria sexualidade. Naturalmente, nossa sociedade outrofóbica não pode tolerar
uma liberdade dessas: metade das nossas leis e costumes ancestrais têm
como objetivo explícito conter a sexualidade das mulheres. Não queremos mulheres adultas e sim seres assexuais e impúberes, sem
pelos justamente nas áreas onde a existência de pelos indica maturidade,
para que possamos nos enganar que, na verdade, não têm sexualidade, não
têm desejos, não cagam, não suam, não gozam.
(E, naturalmente, quando esses seres impúberes, assexuais e
angelicais se dignam a transar conosco, é porque somos a exceção, é
porque somos especiais, como não?!)
O tabu dos pelos corporais femininos só existe pois eles são um
lembrete visual e concreto de que as mulheres adultas são primatas que
fodem.
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