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José Pedro de Alcântara - (Dedé de Macambira) / Créditos: Folhetim (2006) |
Na ultima quinta-feira (19),
Macaíba perdeu um dos mais respeitados Babalorixás da região, José Pedro de Alcântara mais conhecido
como “Pai Dedé de Macambira”, Dedé tinha 75 anos e era um dos
principais representantes das religiões de Matriz Africana na cidade. Nossa
equipe buscou informações e curiosidades no Folhetim, jornal que circulava em 2006
na cidade e no Potiguar Noticias por meio do nosso parceiro, o chargista Rômulo
Estânrley que é detentor de alguns acervos sobre José Pedro. Iremos abordar sua vida e trabalho em duas partes, hoje (26) completando 7 dias de sua partida, publicamos a primeira, onde abordaremos seu inicio na Umbanda, vida familiar e relacionamento com outras religiões.
“José Pedro herdou o apelido Macambira
de seu pai, Sebastião Macambira [...] Admirado pelo carisma, capacidade de
resistência contra o preconceito e pelos conhecimentos de sacerdote-chefe de
uma religião rica e complexa cosmologicamente, é chamado de “Tuxá”,
“Catimbozeiro”, “Macumbeiro” e outros termos cuspidos das entranhas do
preconceito e da intolerância.” Folhetim [Nº 10, Macaíba/RN, 10 de Junho de
2006].
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Velório de Dedé reuniu familiares, amigos e admiradores (19/02/2015) |
Início no mundo mágico da Umbanda
Em entrevista feita pela equipe
do Folhetim
no terreiro “Centro Espírita Oxum da Cachoeira, fundado em 05 de Março de 1960,
Dedé informou que chegou em Macaíba em 1964 e sua iniciação se deu através da
Umbanda e não do Candomblé. “A Umbanda é um culto religioso para fazer o bem e
não o mal. Só trabalho com gosto, Tenho muita fé em Deus e nos orixás” relatou.
Aos 13 anos, através de um Pai-de-Santo baiano, iniciou neste mundo mágico da
Umbanda. “Trabalhei com muita gente velha quando era novo. Fui muito
perseguido, mas graças a Deus hoje estou aqui, e os outros estão enterrados.
Nós, Babalorixás, Mães-de-Santo, cantando vitória, doentes, pulando, dançando e
vibrando com os orixás”.
O primeiro terreiro de Umbanda em
Macaíba/RN, foi trazido por Raimundo Paulino, há cerca de 50 anos [59 atualmente/2015]. Seu terreiro ficava
nas imediações de onde hoje é o Hospital Alfredo Mesquita Filho. Apesar de
viver tanto tempo em Macaíba Dedé externou aos entrevistadores que tinha o
desejo de ir embora para Manaus “Lá em Manaus vale a pena, fui muito bem
recebido”.
Relacionamento com as outras
religiões e Pais-de-Santo da cidade
Dedé de Macambira não tinha um
bom relacionamento com os evangélicos. Em relação a Igreja Católica ele
destacou 3 (três) padres que foram “muito bons na cidade”: Pe. Alcides, Pe. José Pedro e Pe. Amorim. “Eu não sou
contra a Igreja Católica. Meu quarto santo é todo Iansã. Eu acredito em Deus e
nos orixás” relatou. Dedé afirmou que nunca sofreu agressão física, nem teve
seu espaço sagrado profanado. Dedé relatou ainda na entrevista que todos os
Pais-de-Santo da cidade são indiferentes com ele, embora o mesmo seja a favor
da criação de uma associação de umbandistas.
O Dedé Pai de Família e a
Diminuição dos Terreiros
- Durante toda sua vida trabalhou
para cumprir suas obrigações de pai de família. “Criei muitos filhos dos
outros; criei dez filhos, fora os meus; aqui é que nem creche”.
- A diminuição dos terreiros
preocupou Dedé de Macambira, em 2006 a cidade tinha 10 terreiros de Umbanda,
segundo ele isso ocorria por causa do preconceito por parte das Igrejas
Evangélicas. “O pessoal católico não é tanto, só é mais o danado desse padre” [O Padre em Macaíba/2006 era o Pe. Julio
Cesar]. “Os padres novos são todos cheios de besteira”.
Fonte/Informações: Folhetim - Rômulo Estânrley
Obs: A segunda parte da matéria publicaremos na próxima semana
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