O médico cancerologista Dráuzio Varella
destacou em artigo publicado em 12/07/2014, o potencial do uso medicinal da
maconha. No momento em que cresce no Brasil a discussão pela legalização
do consumo da erva, o médico lembrou que já tem quase 30 anos que a
medicina conhece o papel dos canabinoides no sistema nervoso central e o
papel importante que eles desempenham na modulação da dor, no controle
dos movimentos, na formação e arquivamento de memórias e até na resposta
imunológica de pacientes.
Dráuzio destacou a aplicação da maconha já é feita em vários países
para o tratamento de diversas doenças, como glaucoma, náuseas provocadas
pelo câncer, anorexia e caquexia associada à Aids, dores crônicas,
inflamações, esclerose múltipla e epilepsia.
“Com tal espectro de ações em patologias tão diversas, só gente muito
despreparada pode ignorar o interesse medicinal da maconha. Qual a
justificativa para impedir que comprimidos de THC e de seus derivados
cheguem aos que poderiam se beneficiar deles?”, questiona o médico.
1) Glaucoma: doença causada pelo aumento da pressão
intraocular, pode ser combatida com os efeitos transitórios do THC na
redução da pressão interna do olho. Existem, no entanto, medicamentos
bem mais eficazes.
2) Náuseas: o tratamento das náuseas provocadas pela
quimioterapia do câncer foi uma das primeiras aplicações clínicas do
THC. Hoje, a oncologia dispõe de antieméticos mais potentes.
3) Anorexia e caquexia associada à Aids: a melhora
do apetite e o ganho de peso em doentes com Aids avançada foram
descritos há mais de 20 anos, antes mesmo de surgirem os antivirais
modernos.
4) Dores crônicas: a maconha é usada há séculos com
essa finalidade. Os canabinoides exercem o efeito antiálgico ao agir em
receptores existentes no cérebro e em outros tecidos. O dronabinol,
comercializado em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à
dor, com menos efeitos colaterais do que o THC fumado.
5) Inflamações: o THC e o canabidiol são dotados de
efeito anti-inflamatório que os torna candidatos a tratar enfermidades
como a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias do trato
gastrointestinal (retocolite ulcerativa, doença de Crohn, entre outras).
6) Esclerose múltipla: o THC combate as dores
neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono causados pela
doença. O Nabiximol, canabinoide comercializado com essa indicação na
Inglaterra, Canadá e outros países com o nome de Sativex, não está
disponível para os pacientes brasileiros.
7) Epilepsia: estudo recente mostrou que 11% dos
pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha com
teores altos de canabidiol; em 42% o número de crises diminuiu 80%; e
em 32% dos casos a redução variou de 25 a 60%. Canabinoides sintéticos
de uso oral estão liberados em países europeus.
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