Por José A. D. Carneiro
O prefeito de Macaíba, muito bem
assessorado, diga-se de passagem, fez uma jogada de mestre ao propor a
criação do transporte interbairros no município e aprovado pela câmara
municipal por unanimidade. Todos sabem que dois fatores foram
imprescindíveis para que isso viesse a ocorrer: Primeiro, foi a
obrigatoriedade por lei, de cidades acima de 20 mil habitantes ter um
plano de mobilidade urbana, implicando que na falta desse plano, a
cidade deixaria de receber repasses pelo Governo Federal. Em segundo,
foi o nível de rejeição do prefeito acima de 60%, e nada melhor para
mudar esse tipo de situação do que unindo o útil e o agradável. É por
isso que eu disse que o prefeito está bem assessorado, ele transformou
sua obrigação em algo rentável eleitoralmente.
Essa não é a primeira vez que isso
acontece, em textos anteriores eu mencionei que essa era uma novela que
já tínhamos visto, onde no inicio do mandato o prefeito fica empurrando
com a barriga e do meio pro final ele surge com algo “impactante” e
consegue reverter uma situação até então desfavorável. Eu não estou aqui
criticando o que ele propõe ou “cria”, estou criticando o casuísmo com
que as coisas são feitas, e dessa forma me vem algumas questões;
– Será que se o prefeito não fosse
obrigado por lei, e sua popularidade estivesse em alta, ele teria criado
esse plano interbairros, mesmo sabendo que esse é um sonho antigo dos
moradores da cidade? – E se não foi casuísmo, por que a câmara rejeitou
as emendas a esse projeto feitas pelos vereadores da “oposição”, será
que essas emendas desfiguravam o projeto a ponto de torná-lo inviável,
ou as pessoas ou classes que seriam atingidas por essas emendas não
merecem fazer parte desse projeto?
Outra questão clara de casuísmo é a
criação do centro de cultura, onde também havia uma obrigação legal de
um plano de cultura municipal, da criação de um conselho de cultura, de
um fundo de cultura para que cidade continuasse a receber repasses
federais. Há quanto tempo à classe cultural do município briga por
manter vivas as tradições locais que estão praticamente mortas, e muito
por causa do atual prefeito que na sua primeira administração começou
com cortes para os grupos culturais da cidade de forma a tornar inviável
para seus organizadores mantê-los. Volto a repetir, não estou
criticando o que está sendo feito e sim, a forma como estão sendo
feitos.
Após a redemocratização, o atual
prefeito de Macaíba é o mais longevo administrador municipal que
conhecemos, onde vai fazer no próximo ano 12 anos, de forma alternada,
como gestor do município, e em quase doze anos, somente agora, quando se
vê obrigado por lei e pela alta taxa de rejeição ele veio se dar conta
do clamor popular pelo transporte interbairros e a NECESSIDADE de se dar
apoio as iniciativas culturais?
Espero que o atual prefeito e os que virão, continuem criando projetos pelo e para o bem da população, mas sem casuísmo!
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